quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Um dia ensolarado



Fátima Franciele de Oliveira


Guardo em mim uma imagem boa, porém de uma sensação angustiante. È a visão do mar, em um meio dia quente, no qual as pessoas iam dizendo até logo à praia, para um repouso ate à tardinha. Porém eu e meu irmão deixamos de lado o “até logo” e continuamos brincar a beira mar, embora o sol estivesse quente, muito quente...
A imagem era linda, pois à medida que as pessoas se iam, sentia-me cada vez mais livre e dona de toda aquela maravilha. Mas as horas iam passando e no mar só as ondas brincavam agora, e na areia apenas pegadas e rastros ficaram. Então veio em mim a angústia e o questionamento... Por que todos já se foram e apenas nós aqui a desfrutar do mar?! Meus olhos de medo dirigiram-se a meu irmão mais velho, como se eu gritasse... E agora?! Todos se foram, e nós?! A sensação de abandono era de ambos, mas meu irmão manteve-se como responsável por ser mais velho, me abraçou e disse – Vamos sentar esperar... Ele virá. Eu estava confusa, ele preocupado, mas confiante de que a solução chegaria e tudo em breve estaria resolvido. Passamos então a brincar em uma pequena praça com poucos brinquedos enferrujados em frente ao mar. Lembro-me que o sol estava tão quente que o escorregador deixava a pele ardida. E quando já estávamos cansados de brincar de nada e com nossas barrigas a conversar de fome, meu pai aparece... Ele havia se esquecido de nós. Guardo essa lembrança de uma imagem linda, na qual pude viver a sensação de liberdade, porem arraigada de medo e abandono. Foi o sol mais quente de todas minhas visitas ao mar.

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