quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Algodão doce do tio

Andressa Araujo
Data: 25/08/2008.

Poderia ser um dia como outro qualquer. Porém, existia um acontecimento que o distinguia de todos os outros dias da semana. Era algo que me trazia uma imensa alegria. Durante a semana eu ficava ansiosa e cheia de expectativas até chegar o bendito dia. Sabem de qual dia estou falando? Sábado. Sabem por que? Porque era neste dia que o tio que vendia algodão doce passava no meu bairro. Claro que eu podia comprar qualquer outro algodão doce por aí, mas não nenhum se igualava aquele.
Ao raiar do dia (ou ao raiar do sábado) eu já me preparava para pedir a minha mãe o dinheiro para que eu pudesse comprar o algodão doce. Eu tinha medo de que o tio passasse muito rápido e eu não tivesse tempo de comprar. Então tratava logo de deixar o dinheiro separado para não haver problemas. A ansiedade era grande até hora tão esperada chegar. Normalmente o tio que vendia o algodão doce passava a tarde logicamente porque as mães não deixariam as crianças comprarem doces antes da hora do almoço.
Então à tarde eu já ficava a esperar no pátio do meu prédio com o dinheiro na mão. Lá pelas tantas da tarde eu ouvia uma buzina alta que fazia: - Fom, fom! Que alegria! Era o tio do algodão doce que se aproximava com sua bicicleta-carrocinha, pedalando, pedalando sem parar. Quando ele avistada um bando de crianças correndo e sorrindo sabia que ali tinha que parar.
As crianças eram tantas que o tio ficava quase doido com tanta gritaria. Também todos nós esperávamos por isso a semana toda que era natural a pressa em ganhar o primeiro algodão doce. Eu lembro que ele sempre nos tratava com carinho e um sorriso largo no rosto, muitas vezes fazia algumas brincadeiras para nos fazer rir mais ainda.
Um detalhe importantíssimo, os algodões doces que ele vendia eram feitos na hora. O algodão doce era enorme, cor-de-rosa, docinho e derretia na boca, mais parecia uma nuvem, uma nuvem cor-de-rosa. O que mais me chamava atenção era na forma que ele preparava o algodão doce. Colocava açúcar em uma gavetinha e ligava a boca que ficava em baixo para esquentar o açúcar. Após alguns minutos ele pegava um palito de madeira e começava a passar na parte de cima aonde ia saindo o açúcar já aquecido e assim ia se formando um lindo algodão doce.
Penso que era pelo carinho e a alegria que o tio colocava junto com açúcar para fazer aquele algodão doce que ele tinha um sabor inigualável. Até hoje não sei se nós crianças ficávamos ansiosos pelo sábado para comer ou algodão doce ou para ganhar o carinho daquele tio que nem nosso parente era. Que dia feliz!

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