quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A cidade mudou... e eu não sabia o quanto...



Nasci em uma pequena cidade, chamada São Sepé, que fica na região central do nosso estado...
De uma forma inesperada tive que visitar minha cidade em setembro desse ano, nessa viagem levei comigo meu namorado, que até então não “a” conhecia.
Estava envolvida em sentimentos para a tal “volta”, um pouco por ser por um motivo inesperado, não seria “a passeio”, para visitar os que lá ficaram...
Um tanto nostálgica na expectativa de encontrar as ruas, a Praça da Igreja Matriz depois de pelo menos 6 anos sem retornar.
Quando vi a Praça repleta de faixas e os prédios desbotados pelo tempo me entristeci... e ao mesmo tempo me perguntava qual a imagem que meu namorado construiria a respeito da tão falada São Sepé... Andamos pelas ruas do centro, tínhamos pouco tempo, mas certamente foi tempo suficiente para me desapontar.
De uma maneira bem egoísta, prefiro a São Sepé da minha memória... com cheiro e gosto de infância... com saudade do primeiro amor, do primeiro beijos... das ruas permitidas e das quais eu não podia circular... a saudade dos avós que já se foram...
O supermercado não está mais no mesmo lugar... o prédio foi transformado em um Pólo de Educação...
Parte de uma escola tradicional está sendo transformada em uma loja popular...
Uma rua que antes era utilizada pelos alunos de uma escola hoje está aberta aos carros...
A casa onde eu morei hoje se parece mais com uma tapera, passa longe das minhas memórias, da época que vivi ali...
Será que sou eu quem não consegue absorver o “progresso”? Ou aquelas ruas estão mesmo acinzentadas?
Será que todas essas impressões foram causadas pelo dia chuvoso, nublado... Parecia que a cidade estava de luto...
Nas ruas olhares desconfiados, estou acreditando que meu sotaque mudou mesmo... Não consigo mais me ver como alguém que pertence aquele lugar!
O pior sentimento foi de perceber que aquele lugar pequeno e cheio de magia por mim descrito ao meu namorado não estava lá para que ele pudesse conhecer...
A cidade cresceu... a cidade mudou, e tanto tempo sem voltar lá me fez perceber que não absorvi aos poucos essa mudança... foi de “supetão”, “de vereda”, como dizia meu compadre...

Mauriane Pacheco
24/09/2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

À BEIRA DO RIO URUGUAI



Fabiana Raquel Martins


LEMBRANÇAS DA MINHA TERRA
SAUDADES...
MUITAS SAUDADES DA MINHA TERRA
DE PESSOAS ACOLHEDEROS E FESTEIRAS
GENTE SIMPLES E DE ALMA CARIDOSA.
A INFÂNCIA NÃO FOI FÁCIL
AS BATALHAS ERAM DIÁRIAS
MAS A ALEGRIA PERMANECIA
NO CORAÇÃO DA MENINA INOCENTE.
AS TARDES ERAM ALEGRES
À BEIRA DO RIO URUGUAI
DE ÁGUAS CALMAS E TAMBÉM TURBULOSAS
DE UM AZUL ÚNICO.
À SUA MARGEM
BRINCADEIRAS INOCENTES
UM SOL RADIANTE COBRINDO O CÉU
BANHO NO RIO, QUE SAÚDADES...
A CRIANÇA CRESCEU,
MUDANÇA PARA UMA NOVA CIDADE,
O GRANDE RIO URUGUAI LÁ CONTINUA
SERVINDO DE BERÇO PARA OUTRAS INFÂNCIAS.
AUTORA: FABIANA R MARTINS
SETEMBRO 2010

Um coração especial, num morro de Ivoti.







ARIANE CAROLINA BOSCARDINI BITTENCOURT

Ivoti, cidade que ate então eu pouco conhecia e que nos últimos meses, tenho freqüentado muito. Escolhi um lugar que para muitos, e inclusive para mim, não passava de um morro ‘verdinho.
É possível se ver do Belvedere, outro lugar muito bonito. Mas então, porque escrever sobre um “morro verdinho” e porque justo este lugar?
Acredito que seja culpa do romantismo existente dentro de cada um de nós. Apesar de muitas vezes fingirmos que não damos importância para tais coisas e que nossa rotina não deixa espaço para tais feitos, que apenas na literatura e no cinema os amados fazem declarações para seus pares.
Escrevo então sobre a ‘marca’ deixada pelo meu Amado para mim, neste “morrinho verdinho”, marca esta que é possível se avistar do Belvedere, lugar que freqüentamos e de uma das estradas que passam pela cidade.
Posso dizer que sou privilegiada neste sentido, porque sim eu recebi uma linda declaração, de uma forma que eu jamais esperaria. Foi neste “morrinho verdinho”, que vi escrito meu nome, dentro de um coração. Com a frase: “ Eu te amo”. Este pedaço do “morrinho”, onde está este coração, com este escrito, e que na verdade agora é um “morrinho verdinho com um coração cor de terra”, é que consigo imaginar como um lugar na cidade, pouco percebido pelo olhar, e que hoje não está apenas em meu olhar mas está e estará sempre na minha memória e em meu coração. Foi o melhor presente que já ganhei e que será para sempre lembrado por mim.

A cidade e seus (des) encantos

Por de sol na Lomba Grande
Caturritas na rua de minha casa

Ana Paula Trisch Garcia


As ruas, as praças, as
casas...

As árvores de São
Leopoldo

Não são mais as mesmas daquele
tempo.

Ah os pássaros!
Que cantavam incessantemente já não cantam
mais...

Ou até cantam...
Mas, deixamos de
percebê-los.

O céu e o sol não têm o mesmo brilho de
ontem.

As praças estão sem
cor.

A cidade pouco te convida a viver ou a
reviver.

Aqueles lugares repletos de cores,
sossego...

Alegrias ficam na lembrança de quem aqui
viveu,

Vive e revive a cada
dia.

Ah! Os pássaros com todo seu
esplendor

Não são mais
observados,

Foram esquecidos.
Muitos vivem
engaiolados.

Pessoas e
pássaros...

Ainda quando o dia
termina

E o sol consegue abraçar a
cidade,

Pouco se percebe.
Pessoas e Pássaros!

UM LUGAR DE MEMÓRIA: A INFÂNCIA


Ah! Minha Infância...
Juliana Souza


Minha infância me fez querer ser...
Ser alguém, alguém que eu não era alguém que sempre quis ser.
A infância me fez...
Me fez flutuar, me fez sonhar, me fez viajar
Minha infância é relembrar...
Relembrar ternuras, relembrar aventuras, relembrar travessuras.
A infância é...
É magia, é alegria é fantasia.
Minha infância transformou...
Transformou a criança, transformou a lembrança transformou a esperança.
A infância...
Infância de cores, de sabores e de amores.
Minha Infância...
Minha infância era assim...
Assim como eu queria;
Assim como eu fazia;
Assim como acontecia.
Minha infância era utopia...
Utopia de ser;
Utopia de ter;
Utopia de viver.
Minha infância era loucura...
Loucura sem dor;
Loucura sem rancor;
Loucura sem pudor.
Minha infância era alegria...
Alegria de sonhar;
Alegria de imaginar;
Alegria de brincar.
Minha infância era paixão...
Paixão que aquece;
Paixão que enobrece;
Paixão que não se esquece.

A ALMA DA MINHA CIDADE

Ângela Harumi de Souza Okada
A ALMA DA MINHA CIDADE
De tantos contrastes
De culturas diversificadas
Preserva sua essência natural

Pessoas migram, pessoas ficam
E sua arquitetura nostálgica
Resgata sua origem
Conta-nos histórias
Do passado e do presente

No verão com muita festa na Rua grande
No inverno aniversário da sua história
Da colonização, das guerras
E da paz
No outono das folhas caídas
Dos plátanos e eucaliptos
E na primavera no canto
Dos pássaros e dos corais

Seu amigo o Rio dos Sinos
Que traz consigo histórias
De vários lugares
Juntos seguem o rumo natural

A cidade eu o rio pedem
Para aqueles que ficam e que vão
Que preservem
Suas origens e a sua cidade

Nas histórias e nas memórias
O ambiente para o aprendizado
São Leopoldo das estações,
Do velho e do novo
Do vai e vem das pessoas,
Do mundo moderno
Encontro momentos à beira do rio
Para compartilhar o quanto é bela

A alma do meu lugar.

LUGARES DA INFÂNCIA

Mauriane Pacheco de Souza
01/09/2010


Lugares da Infância,
Nostalgia,
Lembranças coloridas, de tempos que já passaram...

Revisitar lugares da minha infância,
Tristeza,
Perceber que o colorido está inserido somente na minha memória.
Que o “progresso” descoloriu os prédios,
Que um tom de bege acabou ocupando o que antes era vívido.

A praça continua lá, com seus monumentos, bustos de bronze,
Seus caminhos são dos mesmos ladrilhos.
A Igreja Matriz contempla o ensaio das bandas das escolas do outro lado da rua.

Retomada esta que provocou em mim alguns pensamentos,
Às vezes, as memórias são poéticas, românticas,
Espero que todos esses sentimentos tenham sido causados pelo dia cinza.

A CASA MAL ASSOMBRADA

DESENHO DE PATRÍCIA MELLO

Nasci e cresci em uma cidade chamada Sapucaia do Sul, interior de Porto Alegre, divisa com outras cidades conhecidas como Esteio e São Leopoldo. Uma cidade muito simpática e hospitaleira, onde tenho muito orgulho de morar e mais, tenho orgulho de estar até o dia de hoje, 29 anos, morando na mesma rua, no mesmo bairro e tendo os mesmos vizinhos.
Com essa querida cidade aprendi muitas coisas, principalmente na minha infância e adolescência, onde a curiosidade era maior e cada descobrimento uma conquista. Tenho muitas histórias para contar e situações vividas que até hoje estão guardadas na minha memória e no meu coração. Lembranças essas, que ninguém jamais poderá apagá-las, pois foram momentos de pura aprendizagem.

Uma dessas histórias e também a que mais me marcou, irei relatar agora para que todos ao lerem esse texto, possam viajar comigo no tempo e no local, onde tudo aconteceu. Há mais ou menos 18 anos atrás existiu em Sapucaia do Sul uma casa amarela, muito antiga, com telhado marrom e sem jardim, que ficava as margens dos trilhos do trem, afastada de outras casas e da vizinhança que ali existia. Quando passeava de trem com a minha mãe, a mesma sempre olhava aquela casa e contava que a mesma era assombrada, que nela existiam fantasmas, principalmente o espírito de uma menina que ali tinha falecido. A maioria dos moradores da cidade conhecia a história e acreditavam, e quando as pessoas passavam na frente da casa era sempre o mesmo assunto. Ninguém queria chegar muito perto, pois diziam que ali escutavam vozes, gritos e gemidos.

Confesso que sempre morri de medo da casa, da menina e da história contada pela minha querida mãe, e quando completei 15 anos fui estudar em uma escola que ficava muito perto dessa casa assombrada, chamada Escola São Lucas. Nos primeiros dias de aula, conheci uma menina muito especial e ficamos amigas. Como só falávamos no colégio, dos estudos e dos trabalhos das aulas, pouco sobrava tempo para conversarmos sobre os assuntos como nossa família e das brincadeiras que gostávamos. Um dia precisávamos estudar para uma prova e marcamos nosso encontro na escola. O combinado era estudar na casa dela e ficarmos durante toda a tarde passando a matéria da prova. Pois bem, cheguei no horário e ela já estava esperando, então fomos até a sua casa. Quando fui chegando perto da casa da minha amiga, comecei a suar e a sentir que algo de estranho estava acontecendo e quando parei, lá estava eu em frente há casa assombrada, prestes a entrar.

Não tive outra escolha a não ser entrar na casa, pois ali morava minha colega de turma, minha amiga e eu tínhamos combinado de estudar juntas, não poderia demonstrar que estava com medo. Assim, entrei na casa e quando já estava lá dentro, umas das primeiras coisas que visualizei foi uma sala gigante com um enorme piano no centro. Os quartos eram grandes e com móveis antigos, cheios de poeira. Mas minha colega, sua mãe e avó dormiam no mesmo quarto por terem medo durante a noite. E assim ficamos quase toda a tarde passeando pelos cômodos e conversando sobre o medo que a maioria das pessoas tinham de se aproximar, por causa dessa história de assombração.

Ali, naquele momento percebi o quanto minha amiga era carente de amizades e o quanto era importante não demonstrar medo, e sim carinho, afeto e amizade. Foi assim que deixei a história de assombração de lado e passei a visitar minha amiga, quase que diariamente. Hoje, não temos mais contato, mas sei que fiz minha amiga feliz por alguns anos e que a nossa história ficará para sempre em nossos corações como uma lição de amor e amizade. A casa assombrada não existe mais, somente as lembranças que os morados de Sapucaia do Sul guardam e as histórias que com certeza passam de geração para geração.
PATRÍCIA MELLO

DA JANELA DA MINHA CASA

Da janela da minha casa
Graziela A. Brito
Quando eu era criança, via muitas coisas da janela da minha casa.
A rua onde eu moro até hoje, era bem deserta, tinha chão de terra batida, apenas três casas e muitas árvores, até um córrego passava por ali.
Da janela da minha casa eu via uma floresta enorme, que parecia estar bem longe dali, era tão verde, tão linda, havia apenas uma casinha azul perto dela, que ficava sempre fechada.
Na rua da minha casa, tinha também um morro, com uma escadaria feita dele mesmo, bem no meio. Era uma muralha linda e natural feita de terra onde eu brincava de escalada na selva.
Aquela rua tinha tanto espaço para brincar, coisas para descobrir, era tudo mágico, eu tinha apenas seis anos de idade.
Muito tempo se passou, vinte anos para ser mais exata. E agora eu pergunto:
O que aconteceu com a rua?
Não percebi o tempo passar, onde eu estive todo esse tempo eu não sei.
Cresci. A rua também.
Da janela da minha casa vejo muitas casas, asfalto, carros e pessoas apressadas, inclusive eu.
Não conheço meus vizinhos, parece que continuo não os tendo. As árvores deram lugar a muros e postes. A muralha de terra que eu escalava sumiu. As casas tomaram conta do lugar, as grades e os muros parecem prisões. A floresta não existe mais, e a casinha azul que eu observava, continua fechada, assim como a minha casa. Como o tempo passou depressa, eu nem percebi, tantas coisas lindas se perderam, só restou minhas lembranças, que eu luto para não se perderem também.
Da janela da minha casa eu vejo o mundo se modificar e a vida passar.

CASINHA DE BONECA


Infância
Silvana Barcella Pace

Figuras que revelam
Imagens que relembram
Algum espaço da memória
Sempre há uma estória.

Casinha de boneca
Vida de criança
Determinado lugar
Recordo-me de minha infância

Casinha branca e cor de rosa
Ela era linda
Com portas e janelas grandes
Toda florida

aquela casa era diferente
Ela falava, ria, chorava
parecia ser gigante
Com as tradicionais, nada se comparava

Lá dentro tudo se transformava
Silvana virava:
Florista, professora, dona de casa e até telefonista
Em um passe de mágica, e tudo mudava.

Brinquedos saiam e voltavam para dentro
Tinha dias que era hora de arrumar
Passava horas e horas
E depois era só bagunçar

Agora quanto adulta
Sei o quão é importante brincar!

Brincar é:
Imaginar;
Aprender;
Sonhar;
Viver...

Viver o mundo da realidade;
Realidade da imaginação;
Imaginação que a gente cria;
Que sai do fundo do coração.

As escritas poéticas sobre a cidade

A cidade nos fala. Nós falamos a cidade. Narramos nossas memórias, nossas experiências, nossa vida nos lugares que nos fazem ser gente. Olhamos para trás, olhamos para o futuro, mas precisamos olhar ao redor e ver o que a cidade nos diz. Mas também pensar no que podemos fazer, para que ela se torne um lugar de convivência, de afetos, de bem viver.

Aqui estão alguns olhares sobre a cidade, das alunas de Ambiente de Aprendizagem (2010).

sábado, 4 de setembro de 2010

Supermercado como um ambiente de aprendizagem?!

Ana Paula Frederes, Anelise Etter, Carla B. D. Klein, Marceline A. Griebeler pesquisaram o supermercado como um ambiente de aprendizagem, por ser um ambiente bastante freqüentado por crianças e adultos, que inconscientemente já estão sendo impulsionados ao consumo. Para tanto observaram crianças num supermercado, como agem, o que gostam, com quem “fazem compras”... Entrevistaram cerca de 30 crianças entre 6 e 11 anos, questionando se gostam de ir ao supermercado, o que gostam de comprar, o que é caro ou barato, quais as suas preferências de brinquedos e quais os brinquedos para meninos e meninas que conhecem. Todas as crianças responderam que gostam de ir ao supermercado, principalmente para comprar guloseimas (Pirulito, bala, salgadinho, bolacha recheada, chocolate, chiclets...) e brinquedos, carrinho de controle e Hot Wheels (meninos )e boneca Stephany e as Rebeldes (meninas). As crianças demonstram que existe uma diferença entre brinquedos de meninas e meninos, dizendo: “Carrinho, ( é de menino), mas se for rosa é de menina”. “ Tudo o que for rosa, é brinquedo de menina. Quais são as cores de meninos”? “ Preto, marrom e azul”. Os brinquedos que servem tanto para menino quanto para menina, são: Bola, bóia e piscina. O que é barato no supermercado? “ Bala, pirulito, carrinho de 1,99...” As marcas e brinquedos preferidos das 30 crianças entrevistadas são:


O ambiente do supermercado é organizado para atrair consumidores. Começando pelos carrinhos de compras, com carrinhos de plástico embutidos em baixo ou cadeirinhas para bebês em cima, além daqueles carrinhos fabricados em tamanho menor, para que as próprias crianças possam conduzi-los durante as compras. Passam a idéia de que enquanto os filhos ficam ali sentados ou entretidos brincando de imitar os adultos, seus pais podem realizar suas compras com tranqüilidade. Porém, inconscientemente, estas crianças já estão sendo alvos do consumismo e acabam relacionando o ato de comprar ao prazer.
Os produtos são organizados na prateleira de acordo com o alvo: capturar o comprador. Observamos que onde havia produtos para crianças e principalmente nas prateleiras de brinquedos, os mesmos ficam mais baixos, facilitando o seu alcance e aguçando o desejo das crianças.
As prateleiras antes do caixa são recheadas de pequenos produtos, especialmente chocolates. Ao ficar na fila, adultos e crianças são tentados pelos mais diversos produtos e dificilmente resistem à vontade de comprá-los.
DURANTE AS OBSERVAÇÕES...
Ø 1ª situação: Uma menina com cinco anos que acompanhava sua mãe nas compras. A mãe tinha um carrinho de compras e a menina uma cestinha onde estava fazendo seu próprio ‘rancho’. Na cesta havia bolacha recheada, balas, salgadinho, chiclets, etc.
Ø 2ª situação: Uma menina com três anos, com uma sacola, também estava fazendo seu ‘rancho’; o detalhe é que na sacola só havia balas, chocolate, salgadinho, etc.
É visível que cada vez mais o consumismo ganha lugar de destaque na vida de todas as pessoas, mas principalmente na vida das crianças. Apesar de serem pessoas com menor aquisição financeira, o público-alvo que mais é persuadido pelas campanhas de publicidade, são as crianças. Joël-Yves Bigot, diretor do Instituto da Criança, ressalta: “Há dez anos, as crianças influenciavam o consumo a partir dos cinco ou seis anos, e era necessário esperar até a escola média para que pedissem um produto de uma certa marca. Hoje, começam a determinar o consumo aos três anos, e fazem questão das marcas a partir dos seis ou sete anos”. (INTERPRENSA, 2000). Numa reportagem sobre o consumismo infantil encontramos que, “Elas ( as crianças) já chegam na loja, sabendo o que querem, porque viram na TV, na revista, no outdoor. Mesmo que os pais não concordem com o modelo escolhido pelo filho, quem vence esta guerra no final são os pequenos, que acabam levando aquilo que escolheram, mesmo com cara feia dos adultos”. (Jornal NH na Escola, n° 03, 2006)
E diante da busca incessante e do desejo descontrolado por consumir, surgem questões sobre o assunto que valem a pena serem debatidas por educadores e pais, entre elas o tipo de papel que a propaganda e publicidade exercem nas pessoas induzindo-as ao consumo, mesmo que não necessitem do produto comprado. As explicações para essa situação de uma sociedade consumista são várias, envolvendo comportamento, cultura, influência da mídia e pode até ser uma herança dos próprios pais super consumistas.
O fato é que o povo ocidental, devido ao sistema capitalista, consome muito mais do que necessita para sobreviver, pois a indústria não pára de produzir e o consumidor está sempre comprando mesmo o que já possui ou algo desnecessário. Existe um desejo de comprar. Para seguir uma tendência da moda? Ou para sentir-se mais feliz e com mais prazer? Pais, que enchem os filhos de presentes caros, sem nunca dizer não, são fortes candidatos a estarem educando um consumidor compulsivo.
O consumismo mostra que os indivíduos podem acabar transferindo o valor de descartável não só às coisas que compram, usam e trocam, mas também acabam tendo a sensação de um poder que é irreal, cuja aplicação é o desejo de descartar tudo que ‘supostamente’ não serve mais, incluindo, regras, sentimentos, pessoas, instituições etc.
Acreditamos que é preciso educar as crianças para o sentido crítico. Os valores são apreendidos pelas crianças pelos exemplos. Nem sempre é fácil para os pais ensinar seus filhos a serem consumidores responsáveis, porque eles próprios não o são. Os adultos têm uma função de responsabilidade social. Quando decidem negar um brinquedo à criança, mesmo podendo adquiri-lo, mostram que existem limites. “Se os pais cederem a todos os pedidos e argumentações, passam a viver uma relação de dominação. Devem distinguir até que ponto é necessário dar à criança aquilo que ela pede, ou se estão tendo uma atitude baseada na falta de tempo para ficar com ela, porque nem dinheiro, nem bens materiais são capazes de substituir a companhia dos pais”. É recomendável, portanto, que o dinheiro seja um tópico discutível em casa. É fundamental evitar o hábito de presentear os filhos como modo de expressar amor e afeição. Quando isso acontece, as crianças podem imaginar que é possível comprar uma amizade, por exemplo, da mesma forma, os pais devem manter elogios e críticas separadas do dinheiro.
É muito útil a criança aprender a conviver com um mundo consumista, sem ter a fantasia de que pode ter tudo. Ela precisa entender que seus verdadeiros tesouros são suas qualidades e virtudes, que nenhum dinheiro pode comprar.
REFERÊNCIAS: www.wikipedia.org ; www.portalfamilia.org ; www.claudia.abril.com.br
SOUZA, Solange Jobim e. Subjetividade em questão: Infância como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Editora Sete Letras, 2000.
Jornal NH na Escola. Entre as bonecas e o salto alto: A mídia como espaço para o consumo infantil e a erotização de crianças e jovens. A importância da escola e família demarcar seu papel nesta relação. n° 03, 13/05/2006.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

ÔNIBUS COMO UM AMBIENTE DE APRENDIZAGEM


ANA PATRÍCIA LUNKES, MARISETE SCHMIDT E PRISCILA MARTINS DE MATOS investigaram o uso do transporte coletivo na cidade de SAPUCAIA DO SUL-RS.
As aprendizagens vivenciadas pelos usuários das lotações nas relações motorista – passageiro. Entrevistaram motoristas e usuários.
Motorista: F. de Assis Fagundes Dias ( 14 anos de experiência)
· Quantos ônibus adaptados para pessoas com deficiência a empresa possui dentro de Sapucaia? A Empresa dá algum treinamento para vocês motoristas?
R: Possui 5 micros e 1 ônibus que sai daqui para Porto Alegre. Tivemos treinamento para saber manusear o mecanismo que aciona a rampa para subir / descer as pessoas com deficiências.
· Você acha que o ônibus / lotação é um ambiente de aprendizagem? O que as crianças podem aprender?
R: Sim. Pois a criança aprende tudo, tanto coisas boas quanto ruins. Cabe ensinar coisas boas, a ser educados com os demais passageiros, dar lugar quando for necessário. E acredito que “a educação vem de berço”.
Usuário: M. da C. Fernandes ( 32 anos )
· Como você avalia a qualidade dos serviços prestados pela empresa de ônibus?
R: Acho bom, mas poderia melhorar, pois a passagem é cara e acho que poderiam ter mais lotações em horários de pique. Há falta de segurança também.
· O que você avalia que podemos ter de aprendizado em uma lotação? E o que as crianças podem aprender?
R: Podemos ter como principal aprendizado a questão da educação. Educação com as pessoas de mais idade, ceder o lugar. Acho que as crianças também devem ter este aprendizado dentro da lotação, a respeitar os mais velhos.
A aprendizagem não se dá somente na escola, nos ambientes formais da educação e sim nos ambientes informais e não formais. Hoje se percebe que o entorno é também um meio de educação e aprendizagem para todos, principalmente para as crianças.
Um “passeio” de lotação pode ser de grande aprendizado. Lá se exemplificam diversos valores básicos para a vida em sociedade. Um lugar onde se pode observar que às vezes, nossas dificuldades não são quase nada, perto de alguém que precisa pegar uma lotação com a cadeira de rodas, ou outra deficiência. Onde as crianças aprendem a dar valor também ao que tem em casa, aprendem a estimular a solidariedade aderindo a campanhas como , do agasalho, que todo inverno é feita pela Empresa. Também aprendem a manter a cidade limpa, utilizando as lixeiras existentes dentro do ônibus, evitando que assim se jogue o lixo pela janela ou até mesmo no interior do ônibus.
“ Não se pode deixar que a expansão da cidade seja determinada apenas pelo modelo econômica: é preciso fazer esforços determinados para datá-la de meios que atendam às várias dimensões da vida de seus habitantes e, em especial, que garantam uma infância feliz”
Para saber mais, consulte:
REDIN; DIDONET, INFÂNCIAS: Cidades e escolas amigas das crianças. Porto Alegre: Mediação, 2007, p.31.

As ruas ensinam?

A Rua como um Lugar de Aprendizagem
Por: Anaiá, Izabel C., Patrícia, Andréia, Louise, Bruna
A rua, ou seja, o entorno de nossas casas, nossas escolas, nossos trabalhos, também fazem parte do nosso dia-a-dia e contribuem com muitas experiências, trocas e aprendizagens significativas. A rua pode ser um espaço de aprendizagem e queremos explorar como elas ocorrem. Propusemos-nos a observar a rua como um todo: O que aprendemos? Quais as relações que se estabelecem entre as pessoas que ali se encontram? O que as imagens com as quais nos deparamos nos dizem? De que forma as experiências das ruas podem ser um ambiente de aprendizagem.
Pesquisamos:
· Pessoas que usam a rua como acesso ao seu lugar de destino e/ou pessoas que usam a rua como lugar de trabalho (vendedores, guardadores de carros, etc.) · Imagens: out-doors, propagandas, anúncios, fachadas com o nome de estabelecimentos comerciais. · Atividades de uma escola utilizando a rua como ambiente de aprendizagem

•“ A instituição escolar, não obstante, constrói todo tipo de muros para preservar a cultura escolar de todo contato e contaminação do entorno; é a imagem da escola fortaleza, do campo reservado ou da ilha que se sente constantemente ameaçada por qualquer força exterior que trate de penetrar nela” (Jaume Carbonnel)









"A cidade é feita de lugares e pensamentos. De lugares e emoções. è feita de gente. porque, vendo bem, a cidade é o produto das atitudes da gente que a usufrui. gente concreta, nas situações cotidianas que constroem o mistério de viver" ( PACHECO, H. A cidade é um sentimento. 1996. Disponível em http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=2766.