quarta-feira, 15 de setembro de 2010

DA JANELA DA MINHA CASA

Da janela da minha casa
Graziela A. Brito
Quando eu era criança, via muitas coisas da janela da minha casa.
A rua onde eu moro até hoje, era bem deserta, tinha chão de terra batida, apenas três casas e muitas árvores, até um córrego passava por ali.
Da janela da minha casa eu via uma floresta enorme, que parecia estar bem longe dali, era tão verde, tão linda, havia apenas uma casinha azul perto dela, que ficava sempre fechada.
Na rua da minha casa, tinha também um morro, com uma escadaria feita dele mesmo, bem no meio. Era uma muralha linda e natural feita de terra onde eu brincava de escalada na selva.
Aquela rua tinha tanto espaço para brincar, coisas para descobrir, era tudo mágico, eu tinha apenas seis anos de idade.
Muito tempo se passou, vinte anos para ser mais exata. E agora eu pergunto:
O que aconteceu com a rua?
Não percebi o tempo passar, onde eu estive todo esse tempo eu não sei.
Cresci. A rua também.
Da janela da minha casa vejo muitas casas, asfalto, carros e pessoas apressadas, inclusive eu.
Não conheço meus vizinhos, parece que continuo não os tendo. As árvores deram lugar a muros e postes. A muralha de terra que eu escalava sumiu. As casas tomaram conta do lugar, as grades e os muros parecem prisões. A floresta não existe mais, e a casinha azul que eu observava, continua fechada, assim como a minha casa. Como o tempo passou depressa, eu nem percebi, tantas coisas lindas se perderam, só restou minhas lembranças, que eu luto para não se perderem também.
Da janela da minha casa eu vejo o mundo se modificar e a vida passar.

Nenhum comentário: